
Candidíase de repetição
A candidíase é um dos problemas vulvovaginais mais comuns, cerca de 75% das mulheres terão um episódio pelo menos uma vez na vida. A candidíase de repetição ocorre quando a mulher apresenta quatro episódios da infecção, ou mais, durante o período de um ano.
Estudos demonstram que a candidíase recorrente pode estar relacionada a um “status” alérgico na mucosa vaginal, levando a uma inflamação crônica. Nestes pacientes, ocorre um aumento da sensibilidade ao fungo, levando a infecções repetidas.
A imunoterapia é realizada a partir do extrato de cultura do fungo cândida albicans e é indicado principalmente para mulheres que possuem infecções crônicas e de repetição. Estudos demonstram que a imunoterapia para candidíase de repetição é eficaz em 66 a 85% das mulheres que realizaram o tratamento corretamente, devendo ser considerada nas pacientes refratarias aos tratamentos convencionais.
A imunoterapia consiste em administrar gradualmente, em concentrações crescentes, o extrato de cândida. O objetivo do tratamento é induzir um estado de “tolerância imunológica”, ou seja, diminuir a frequência e intensidade dos sintomas frente ao fungo. A vacina vai modulando o sistema imunológico e faz com que este se torne mais resistente a cândida.
A imunoterapia para candidíase de repetição é realizada na forma injetável, subcutânea, inicialmente em doses semanais, depois quinzenais e mensais. A duração do tratamento é em torno de 2 ou 3 anos, entretanto, a melhora clínica já se inicia nos primeiros meses do tratamento.
O acompanhamento deve ser realizado pelo alergista em conjunto com o ginecologista para um melhor resultado do tratamento.

Imunodeficiências ou Erro Inato da Imunidade
As imunodeficiências constituem um grupo de doenças, caracterizadas por um ou mais defeitos do sistema imune, o que torna a pessoa mais propensa a infecções de repetição ou infecções mais graves.
As imunodeficiências podem ser primárias (defeitos congênitos do sistema imunológico, também conhecidos como erros inatos de imunidade) ou secundárias (à desnutrição, aos medicamentos, à infecção pelo HIV, entre outros).
As imunodeficiências primárias são defeitos genéticos, que comprometem um ou mais componentes do nosso sistema de defesa, os quais podem estar alterados em quantidade (ausentes ou diminuídos) ou função (não funcionam de forma adequada). Resumindo, há um desequilíbrio da resposta imunológica.
O sistema imune tem várias funções em nosso organismo. Uma delas é a defesa contra os diferentes agentes infecciosos (bactérias, vírus, fungos, parasitas). Outras ações também são importantes como combater células cancerígenas, ajudar a controlar inflamações e autoimunidade (agressão do seu próprio organismo pelo sistema imunológico).
Desconfiamos de imunodeficiências quando o paciente apresenta um número maior de infecções comprovadas como pneumonia e infecções de ouvido, ou infecções graves como meningite, ou ainda, infecções que não respondem ao tratamento adequado. Devemos suspeitar de IDP também em pacientes que apresentam doenças autoimunes como lúpus eritematoso sistêmico, asma grave, atraso no desenvolvimento e crescimento ou diarreia crônica.
Existem alguns sinais de alerta para pesquisa de imunodeficiências.
1. Duas ou mais pneumonias no último ano
2. Quatro ou mais episódios novos de otite no último ano
3. Estomatites de repetição ou monilíase por mais de dois meses
4. Abscessos de repetição ou ectima
5. Um episódio de infecção sistêmica grave (meningite, osteoartrite, septicemia)
6. Infecções intestinais de repetição, diarréia crônica
7. Asma grave, doença do colágeno ou doença auto-imune.
8. Efeito adverso à vacina do BCG ou infecção por Micobactéria
9. Manifestações clínicas sugestivas de síndrome associada à Imunodeficiência
10. História familiar de imunodeficiência
Se você ou seu filho apresenta algum destes sinais, deverá passar por uma avaliação com o alergista e imunologista.
O tratamento vai depender do tipo de IDP que a pessoa apresentar. Em algumas situações não há necessidade de tratamento específico. Às vezes, o paciente necessita uso contínuo de antibióticos para prevenir infecções, outras vezes há necessidade de infusão de imunoglobulina intravenosa para reposição de anticorpos quando o organismo não os produz adequadamente. Nos casos mais graves, é indicado o transplante de medula óssea ou de células tronco.

